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Postado por : Ricardo
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
O maior mistério que o universo propõe não é a vida, mas o tamanho. O tamanho contém a vida...
A criança que em geral está familiarizada com o espanto, diz: papai, o que existe em cima do céu? E o pai diz: a escuridão do espaço. A criança: o que existe depois do espaço? O pai: a galáxia. A criança: depois da galáxia? O pai: outra galáxia. A criança: e depois das outras galáxias? O pai: ninguém sabe.
O tamanho nos derrota. Para o peixe, o lago onde ele vive é o universo. O que pensa o peixe quando é puxado pela boca por um gancho prateado, nos limites da existência, e penetra em um novo universo onde o ar afoga e a luminosidade é uma loucura azulada? Onde enormes bípedes sem guelras o amontoam para morrer em uma caixa sufocante, forrada por vegetação úmida?
Ou se pode pegar a ponta de um lápis e ampliá-la. Vamos chegar a um ponto de onde uma atordoante compreensão cai sobre nós: a ponta do lápis não é sólida; é composta de átomos que giram e rodopiam como um trilhão de diabólicos planetas. O que nos parece sólido é apenas uma rede de coisas soltas, mantidas juntas pela gravidade. Vistas na sua real dimensão, as distâncias entre esses átomos podem se tornar quilômetros, abismos, eternidades. Os próprios átomos são compostos de núcleos com prótons e elétrons girando em torno deles. Podemos descer ainda mais até as partículas subatômicas. E depois para quê? Para os táquions, para nada? Claro que não. Tudo no universo rejeita o nada; sugerir um término é o único absurdo que existe.
Se você recuasse para o limite do universo, será que encontraria uma cerca de madeira e tabuletas dizendo SEM SAÍDA? Não. Talvez você encontrasse algo duro e arredondado, como o pintinho deve ver o ovo de seu interior. E se você atravessasse a casca beliscando (ou encontrasse uma porta), não poderia jorrar nesses confins do espaço, uma incrível luz torrencial através da abertura? Você poderia olhar por ali e descobrir que todo o nosso universo é apenas parte de um átomo numa camada de relva? Não poderia ser levado a pensar que, ao queimar um graveto, você está incinerando uma eternidade de eternidades? Que a existência não avança para um infinito, mas para uma infinidade deles?
... Será possível que tudo que percebemos, do vírus microscópico à distante nebulosa Cabeça de Cavalo, esteja contido numa camada de relva que pode ter existido por uma única estação num outro fluxo de tempo?
A Torre Negra Vol 1: O Pistoleiro - Stephen King
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